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AS MINHAS LEITURAS: "As Vinhas da Ira" de John Steinbeck

Livros com gipsofila

Ficha do Livro

Autor: John Steinbeck
Título Original: The grapes of wrath
Edições: Livros do Brasil
Nº de Págs.: 576
Coleção: Dois Mundos
Ano de Edição: 2016
Classificação: Romance
Sinopse: Na década de 1930, as grandes planícies do Texas e do Oklahoma foram assoladas por centenas de tempestades de poeira que causaram um desastre ecológico sem precedentes, agravaram os efeitos da Grande Depressão, deixaram cerca de meio milhão de americanos sem casa e provocaram o êxodo de muitos deles para oeste, rumo à Califórnia, em busca de trabalho. Quando os Joad perdem a quinta de que eram rendeiros no Oklahoma, juntam-se a milhares de outros ao longo das estradas, no sonho de conseguirem uma terra que possam considerar sua. E noite após noite, eles e os seus companheiros de desdita reinventam toda uma sociedade: escolhem-se líderes, redefinem-se códigos implícitos de generosidade, irrompem acessos de violência, de desejo brutal, de raiva assassina. Este romance que é universalmente considerado a obra-prima de John Steinbeck, publicado em 1939 e premiado com o Pulitzer em 1940, é o retrato épico do desapiedado conflito entre os poderosos e aqueles que nada têm, do modo como um homem pode reagir à injustiça, e também da força tranquila e estoica de uma mulher. As Vinhas da Ira é um marco da literatura mundial.


Comentário
É a segunda obra que leio deste autor e a forma de escrita lembra-me William Faulkner que, através das palavras, também expõe os males da sociedade, descrevendo situações e pessoas. Steinbeck faz um retrato fidedigno dos problemas que assolaram as populações vítimas do "dust bowl", a experiência literária que o autor proporciona é tão envolvente que eu senti-me uma okie totalmente injustiçada e sem saber exatamente o que fazer para sobreviver. Aquilo parecia o Velho Oeste onde o calor do deserto era insuportável e a falta de água potável uma constante.
O ponto central da história é a demanda da família Joad por encontrar na Califórnia uma casa e trabalho. Nós, leitores, não vemos isso a acontecer. A trama fica em suspenso. A viagem em si é bastante dura com vários percalços ao longo do caminho, mas a esperança nunca morre. Steinbeck valoriza o coletivo família em vez de um indivíduo único - quando uma personagem se torna independente da família, simplesmente desaparece - como se as dificuldades só pudessem ser ultrapassadas em conjunto. É um drama com notas culturais interessantes como por exemplo a multiplicação das áreas de serviço/bombas de gasolina e dos stands de automóveis, a coca-cola que já era uma bebida comercializável, o conceito novo de retrete (sanita com autocolismo) e a modernização da agricultura com o uso do trator.
Partilho uma citação do livro sobre a estrada 66, a tão icónica e emblemática estrada norte-americana:


"A 66 é o caminho de um povo em fuga, a estrada dos refugiados das terras da poeira e do pavor, do trovejar dos tratores, dos proprietários assustados com a invasão lenta do deserto pelas bandas de norte e com os ventos que vêm ululando aos remoinhos do lado do Texas, com as inundações que não traziam benefícios às terras e ainda acabavam com o pouco de bom que ainda possuíam. De tudo isso os homens fugiam e encontravam-se na Estrada 66, vindos dos caminhos tributários e das estradas sulcadas de calhas e de marcas fundas de rodas, que cortavam todo o interior. A 66 é a estrada-mãe, a estrada do êxodo." {in As vinhas da Ira de John Steinbeck}

Recomendo a leitura deste livro, é muito bom! 👍


Referências
📌 Sobre o autor John Steinbeck no Portal da Literatura.
📌 Sobre a obra "As Vinhas da Ira" ver Conferência do ciclo Grandes Obras da Literatura Universal promovida pela Cátedra Cascais Interartes:



📌 Artigo no site National Geographic «Dust Bowl, a revolta da natureza nos Estados Unidos»
📌 Canção "Dust Bowl Refugee" de Woody Guthrie, também forçado a abandonar a sua terra natal Oklahoma em busca de melhores condições de vida.




Desafio Literário: