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O TikTok é uma afronta para a literatura portuguesa?


De acordo com um artigo publicado na última terça-feira na Publishers Weekly, no âmbito da Feira do Livro Infantil de Bolonha, as vendas de livros em língua inglesa estão a aumentar em toda a Europa. Este valor é corroborado pelo presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Pedro Sobral, que, baseando-se nos dados da consultora Gfk, especificou à agência Lusa que o livro importado (constituído quase exclusivamente por livros em inglês) representou 3% do valor de mercado, o que significa um crescimento de cerca de 25% face a 2022.

Segundo Pedro Sobral, o efeito TikTok é um dos principais impulsionadores do fenómeno – “porque traz e dá uma visibilidade muito grande aos títulos internacionais e muitas vezes até antes do seu lançamento”. O acesso direto online, potenciando a compra imediata após a descoberta do livro, tem também “um papel muito importante”. Outro fator a considerar é o preço, já que, por norma, os livros editados no Reino Unido ou Estados Unidos “têm tiragens infinitamente superiores, porque cobrem mercados internos gigantescos, mas também contam com este efeito de exportação para outros países”. Isto “cria uma enorme economia de escala, permitindo preços mais baixos e que, pela vastidão do mercado global que cobrem, são logo lançados em vários formatos, com preços diferentes, sempre significantemente mais baixos do que as edições portuguesas” – explica.
Além disso, o tempo que vai da edição original à edição portuguesa – que considera os tempos de tradução, revisão e distribuição – é o suficiente para que alguns leitores prefiram comprar o original, em vez de esperarem pela edição em português.
Apesar de reconhecer que é “muito positivo” haver em Portugal novas gerações com um tão absoluto domínio da língua inglesa, Pedro Sobral alertou para a possibilidade de o português estar perante “um desafio muito importante no seu futuro” e defendeu que a defesa da língua portuguesa deve ser prioridade, apoiando os escritores, editores e livreiros portugueses.
“Se naturalmente há que continuar a apostar no inglês quer na escola, quer no ensino superior, quer na existência de livros em inglês, também é verdade que é preciso criar políticas públicas de defesa e promoção da língua portuguesa, apoio aos escritores, editores e livreiros portugueses e, acima de tudo, ao livro em português”, defendeu.


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