AS MINHAS LEITURAS: "A Anti-Justine" (ou as Delícias do Amor) - Restif De La Bretonne

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 Ficha do Livro

Autor: Restif De La Bretonne
Título Original: L'Anti-Justine ou Les Délices De L'Amour
Edições: Círculo de Leitores
Nº Págs.: 305
Temática: Literatura Erótica
Ano de Edição: 1992

Sinopse: Em 1787, o Marquês de Sade (1740-1814) escreveu "Justine ou Os infortúnios da virtude", sobre as desventuras sexuais sofridas por uma menina pobre. "Anti-Justine ou As delícias do amor", do também francês Restif de la Bretonne (1734-1806), contrapõe-se às sádicas ideias do marquês.
O narrador criado por Restif de la Bretonne gentilmente nos participa as suas principais aventuras eróticas, sendo o incesto o tema central: as primeiras sensações sexuais junto às irmãs, a perda da virgindade com a própria mãe e o amor pela filha. Ao contrário dos personagens de Sade, que sempre precisam de um bálsamo milagroso para curar as mutilações infligidas pelos algozes na noite anterior, os de Anti-Justine só estão em busca do bem-estar. Seus corpos não estão ao serviço de obsessões brutais ou de gostos violentos – e menos ainda de teses filosóficas sobre o sentido da liberdade – mas, inocentemente, livres de regras morais, buscam o prazer, sobretudo o prazer feminino. Restif banha as suas personagens nas águas cálidas da afeição, do carinho, do reconhecimento mútuo, e todos pensam apenas no prazer e bem-estar do outro. Isso tudo faz de Anti-Justine um caso raro na literatura libertina do século XVIII: uma das poucas ocasiões em que o verdadeiro tema não é a morte ou a destruição, mas o sexo, pura e simplesmente. Escrito em 1798, Anti-Justine foi publicado pela primeira vez, clandestinamente, em 1863 e é nada menos do que provocador.

Prefácio
Que desculpa pode forjar para si próprio o homem que publica uma obra como a que vai ler-se?
Tenho uma que vale por cem. Um autor deve ter em vista a felicidade dos seus leitores. Nada há que contribua tanto para essa felicidade como uma leitura agradável. Fontenelle dizia: «Não há desgosto que resista a uma hora de leitura». Ora, de todas as leituras, a mais empolgante é a das obras eróticas, sobretudo quando se fazem acompanhar de figuras expressivas.
A ninguém causaram mais indignação do que a mim as imundas obras do infame Marquês de Sade. Esse celerado não apresenta as delícias do amor, para os homens, a não ser acompanhadas de tormentos, e mesmo de morte, para as mulheres. O meu propósito é fazer um livro mais saboroso do que os dele, e que as esposas poderão ler aos seus maridos para deles se verem mais bem servidas, um livro em que os sentidos falem ao coração, em que a libertinagem nada tenha de cruel para o sexo das graças, e que em vez de lhe causar morte lhe dê vida, em que o amor, reconciliado com a natureza, isento de escrúpulos e de preconceitos, não apresente senão imagens risonhas e voluptuosas. Ao lê-lo, adorareis as mulheres.
Mau livro feito com boas intenções.
Eu declaro ter composto esta obra, tão saborosa, com o exclusivo de ser útil. O incesto, por exemplo, figura nela apenas para contrabalançar, ao gosto corrupto dos libertinos, as horrendas crueldades com que o Marquês de Sade os estimula.
O meu objetivo moral, que vale tanto como qualquer outro, consiste em fornecer àqueles que não são dados à lascívia um erotikon apimentado que lhes permita servir convenientemente uma esposa que deixou de ser bela. Foi o que vi fazer a vários homens que se serviam para isso do livro cruel e tão perigoso de Justine ou Les Malheurs De La Vertu. Tenho outro mais importante ainda: quero preservar as mulheres do delírio da crueldade. L'Anti-Justine, não menos saborosa, não menos arrebatada do que a Justine, mas sem barbárie, impedirá de hoje em diante os homens de recorrerem a esta. A publicação da concorrente antidotal é urgente, e desonro-me de bom grado aos olhos dos estultos, dos puristas e dos irrefletidos, para a dar aos meus concidadãos.
Para substituir a Justine e lhe fazer preferir L'Anti-Justine, é preciso que esta ultrapasse a outra em volúpia, tanto quanto lhe cede a palma em crueldade É preciso que um único capítulo, lido por um homem que acaba de inspecionar a tábua, o leve a explorar a mulher.


Comentário
Apesar das intenções do autor serem boas, o resultado final da sua obra é... mundano... promíscuo... não acrescenta nada de valor à nossa existência! A linguagem é muito direta, com palavras e expressões fortes. Tudo gira à volta do prazer. E para tornar as coisas ainda mais impressionáveis, o conceito de família é posto em causa quando as próprias relações familiares não são saudáveis.
O ato sexual não deve valer por si só. O conteúdo do livro está errado.

Talvez se o autor tivesse usado uma personagem principal idêntica ao Casanova , com as suas aventuras, não fosse tão chocante...


Mesmo assim, a solução seria outra.
É errado passar a ideia da instrumentalização do corpo do homem e da mulher como algo bom, assim como é errado o carrocel de relações físicas desprovidas de sentido.
Monogamia e Respeito Próprio é Top! 😎🤟🏻


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