Partilho este artigo de opinião de João Salazar Braga para o Jornal Expresso: «Os maratonistas da leitura: ler muito ou ler bem?» 👇
"(...) A leitura tornou-se num jogo e é dos competitivos. A sua gamificação é real e espera-se que se intensifique, porque convoca constantemente novos leitores, que aparentemente têm mais satisfação em superar os seus próprios números do que em ler um livro sem pressas ou pressões, apenas pelo prazer da leitura, que se quer bem demorado.
Ler deve descansar e não é obrigatoriamente um jogo. Trata-se de uma atividade quase sempre lúdica, que obedece a costumes muito próprios, muitas vezes inaplicáveis a outros passatempos. A perspetiva de acabar o ano com 30 ou 40 livros lidos é maravilhosa, mas a ideia de esses 30 ou 40 livros resultarem de uma obrigação autoimposta é – e permitam-me a tomada de posição – uma grandessíssima chatice: decorre de uma obsessão que, por sua vez, gera uma obrigação contínua, que pesa durante a leitura e que incomoda o leitor que lê para estar verdadeiramente despreocupado."
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📌 Este assunto chamou-me a atenção porque participo em desafios literários. Gosto de aliar o prazer da leitura com os objetivos dos desafios literários, mas não sou obcecada em concluí-los todos. Felizmente, a quantidade de livros por ler na minha estante não é assim tão grande porque tenho conseguido ir lendo com uma certa rotina. Mas aceito e compreendo que para algumas pessoas a leitura se tenha gamificado, talvez por serem mais competitivas e gostarem de desafios, ou simplesmente porque se sentem dessa forma motivadas para ler.
No geral, o alerta dado nestes dois artigos de opinião passa pelo desprazer em ler e pela pressão que esses leitores-maratonistas sentem para cumprir objetivos. Temos de ler, sim, mas com tempo e qualidade. 💝