Wookacontece: A Magia dos Livros-Jogos

No blogue literário da Wook podemos ler este artigo sobre livros-jogos, um tipo de livro que foge à construção tradicional do enredo. Aqui, o leitor escolhe por onde avançar, desvenda mistérios, junta pistas ou decide o que fazer com determinada personagem. Os livros-jogo ganharam um novo fôlego com a edição do famoso A Mandíbula de Caim. Mas o género é vasto e serve miúdos e graúdos. Afinal, quem nunca teve vontade de ter mão no rumo de uma história?



Jogar computador e ler não têm de ser atividades de costas voltadas. Se gosta de ambas, ou se existe lá por casa alguém que passa horas em frente ao ecrã e não liga aos livros, esta talvez seja uma boa forma de agradar a gregos e a troianos. Mas não, não se trata de regressar à Antiguidade Clássica, mas sim de imaginar um futuro onde um grande jogo final, literalmente Endgame, vai ditar o destino da Humanidade. Existem doze linhagens em competição, mas somente aquela que conseguir encontrar primeiro as três chaves escondidas algures vencerá. Além de ser um livro que capta a atenção de quem adora jogar, e garantimos que foi o que aconteceu aqui em casa, é ele próprio uma leitura voraz, daquelas que utiliza as mesmas fórmulas dos jogos de vídeo, e que traz uma experiência paralela no mundo real.

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Entre os escritores portugueses de thrillers e policiais, Bruno M. Franco é, na nossa opinião, aquele que mais arrisca novas formas e nos entrega histórias que não apenas nos captam pelo enredo e personagens, como acrescentam elementos inéditos ou raros na ficção do género em Portugal. Neste Jogo Mortal, o autor inseriu no livro uma série de QR codes para aceder a vídeos no Youtube que nos vão dando pistas sobre a história. Podemos ler apenas o que está escrito, mas a experiência de leitura fica mais parecida com um jogo quando vamos também vendo e ouvindo o que o próprio autor nos diz nesses vídeos. O enredo, um jogo para o qual são convocadas pessoas aparentemente aleatórias e que desemboca num labirinto mortal, é de cortar a respiração, e faz lembrar as tramas urdidas por Stephen King ou Joel Dicker.

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Rayuela, em espanhol, é o nosso tradicional “jogo da macaca”, que nos punha aos saltos quando éramos miúdos. E é mesmo disso que trata este puzzle de Cortázar. O leitor pode seguir uma ordem tradicional, ou seja, lendo as páginas com a numeração crescente, ou então ir na onda do que sugere o autor e saltitar de capítulo para capítulo, sem ordem específica. A experiência de leitura de uma ou de outra forma é diferente e já por isso vale a pena tentar ambas. O Jogo do Mundo pressupõe método por parte do leitor e uma dedicação extra para que não nos percamos entre páginas. Mas, num tempo em que tanto se fala de mindfulness e atenção ao presente, estar plenamente concentrado numa história não nos parece nada mal. De um lado, Oliveira e “Maga” em Paris; do outro Oliveira, Talita e Traveler em Buenos Aires. A decisão, essa, está do seu lado.

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Aqui não temos propriamente um enredo, mas uma série de desafios que os autores deste livro nos lançam, para que vejamos de forma diferente as letras que formam a palavra “coração”. O primeiro é de que pousemos o livro que estamos a ler e peguemos num bom velho dicionário de papel, consultando primeiro a letra “C”. Mas do hermetismo da convenção, os autores convidam-nos a uma dança com as letras, propondo que as juntemos livremente, dando-nos outra perspetiva sobre o que constitui, de facto, uma palavra. O “Til” e a “Cedilha” são personagens que se encontram e que despertam um no outro memórias escondidas: ondas do mar, férias passadas, e até as maiúsculas são pistas para que o leitor brinque com o jogo de intenções dos autores e se deixe levar por este baile das letras. Há ilustrações, desenhos e fotografias que nos ajudam a compor uma história de amor que, na nossa opinião, ultrapassa a questão da idade, para se tornar um jogo delicioso para toda a família brincar.


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Entrevista a Elaine Kasket, psicóloga inglesa

Elaine Kasket


Na revista VISÃO é possível ler esta entrevista, super interessante, à psicóloga inglesa de 53 anos que investiga a interface entre a psicologia e a tecnologia há duas décadas. No livro Reboot, Reclaiming Your Life in a Tech-Obsessed World que será lançado a 31 de agosto e que foi escrito a partir do trabalho de campo com entrevistas, casos clínicos e observações de cariz pessoal, Elaine Kasket propõe-nos reiniciar a forma de lidar com o big data. Como? Moldando os relacionamentos mediados pelos “amigos” digitais de modo consciente. O lema desta psicóloga inglesa dá que pensar: “Que eu tenha serenidade para aceitar o que não posso mudar na tecnologia, a coragem para mudar a forma como a uso e, sempre que possível, a sabedoria para saber a diferença.”

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Na entrevista Kasket afirma que, quando os pais começam a divulgar informações sobre a identidade dos filhos e os sonhos e expectativas que projetam neles – até porque toda a gente o faz –, isso torna-se a regra; é difícil parar, mas a monitorização constante, que acalma os adultos, tem custos. Há um estudo clássico da psicologia, que envolve a interação entre mães e filhos pequenos, em que, a certa altura, se pede [às mães] que não tenham expressões faciais (still face): as crianças ficam agitadas e protestam, no esforço de captar atenção. Não é diferente quando se tem o bebé ao colo e se passa o tempo com os olhos no ecrã. A tecnologia tende a assumir o lugar dos pais e a ser um entrave à criação de vínculos, com implicações no desenvolvimento neurobiológico, psicológico e social de uma geração. 


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NOVIDADE LIVRO: "Chapeuzinho Amarelo" de Chico Buarque



Chico Buarque reinterpreta nesta pequena história em verso o conto da Capuchinho Vermelho. Aqui, a protagonista é uma menina a quem chama Chapeuzinho Amarelo porque, claro, o usa sempre na cabeça. Mas debaixo dele, a cabeça está cheia de medos. Por causa deles, acaba por se privar de quase tudo. Mais do que tudo, tem medo do Lobo, até ao dia em que o encontra, e acaba por vê-lo apenas como… um bolo!
Publicado pela primeira vez em 1979 no Brasil, esta história de superação e amadurecimento ganha agora em Portugal uma nova e original edição, muito valorizada pelas ilustrações de André Letria. É difícil resistir a este poema em catadupa, de que deixamos aqui os primeiros versos:


Era a Chapeuzinho Amarelo
Amarelada de medo.
Tinha medo de tudo,
aquela Chapeuzinho.
Já não ria.
Em festa, não aparecia.
Não subia a escada
nem descia.
Não estava resfriada
mas tossia.
Ouvia conto de fada
E estremecia.
Não brincava mais de nada,
Nem de amarelinha.

Tinha medo de trovão.
Minhoca, pra ela, era cobra.
E nunca apanhava sol
porque tinha medo da sombra.
Não ia pra fora pra não se sujar.
Não tomava sopa pra não ensopar.
Não tomava banho pra não descolar.
Não falava nada pra não engasgar.
Não ficava em pé com medo de cair.
Então vivia parada,
deitada, mas sem dormir,
com medo de pesadelo.

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Existir sem email ou redes sociais? A Analog Sea é um elogio à vida offline.

Jonathan Simons

Foi fundada em 2018 com uma ideia: tirar do mundo livreiro os algoritmos das lojas online e o imediatismo com que compramos um livro hoje em dia – em meia dúzia de cliques, sem contacto humano. Jonathan Simons, norte-americano de 44 anos, é o rosto da “editora offline” Analog Sea, baseada em Freiburg, na Alemanha, e com um “pequeno escritório” em Austin, no Texas, Estados Unidos.
A Analog Sea não tem email público, redes sociais e recusa vender online. As aprimoradas edições da Analog Sea são encontradas apenas em cerca de 250 livrarias espalhadas pelo mundo – em Portugal, encontram-se na 100.ª Página, em Braga, e na lisboeta Palavra de Viajante.
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