WOOKACONTECE: Mundos em conflito

No blogue literário da Wook podemos ler este artigo sobre o mundo em conflito. Há livros que, com humor, romance ou crueza, nos explicam que o conflito parece ser sempre o modus operandi da Humanidade.




Esta é daquelas histórias reais que mais parecem ficção. Lemo-la e pensamos que só pode ter vindo da pena de alguém muito criativo, pois além de inusitada, envolve uma dose de impossibilidade que só acontece nas lendas. Porém, é mesmo verdade que o soldado Hiroo Onoda esteve trinta anos escondido numa ilhota nas Filipinas, sem saber que a II Guerra Mundial tinha acabado. O japonês, destacado para defender o local já perto do fim do conflito, recusou-se durante esse tempo todo a aceitar que a guerra havia terminado e muito menos que os japoneses se tivessem rendido. Este é, então, o relato da vida do estoico Onoda, romanceada por Werner Herzog mas baseada naquilo que o soldado viveu em trinta anos de reclusão na selva.




Uma das novelas gráficas mais lidas por cá, O Árabe do Futuro, conta, nos seus cinco volumes, a vida de Riad Sattouf, que é também o seu autor. Vamos acompanhando o seu percurso desde o nascimento, em 1978, passando por países como a Líbia no tempo do General Kadafi, a Síria de Hafez Al-Assad, mas também a França. O mais engraçado é que é pela voz de uma criança que vamos lendo e vendo os relatos de um mundo constantemente em conflito, mas sempre com um humor muito acutilante, que por vezes nos deixa um pouco incómodos, mas a maior parte das vezes nos diverte muito, mesmo perante algumas situações limite. Pelos olhos do pequeno mas sagaz Riad, assistimos a um desfilar de estranhezas, de contrastes entre o Médio Oriente e a França, sem que nem um nem outro sejam poupados à sua ironia e humor.




Não costumamos dizer muitas vezes que determinado livro deveria ser lido por todos. Mas este é, sem dúvida, um deles. Porque o livro de Primo Levi, um clássico sobre a praticamente impossível missão de manter-se vivo dentro da mais atroz máquina de destruição, ultrapassa a sua dimensão histórica e geográfica para se tornar num relato universal sobre a miséria humana, sobre o despojo de qualquer sombra do que nos faz pessoas. A vil tortura física e psicológica, a incerteza sobre o provimento de elementos básicos como a água e a comida, a privação de descanso, o constante terror e o pânico da incerteza quanto à sobrevivência são-nos transmitidos pelo autor de uma forma muito crua, sem rodeios. Custa-nos, no conforto das nossas vidas, imaginar tal cenário de horror e como seres humanos podem provocar semelhante dor em outros. Ficamos a perguntar-nos se esses, os que infligem tamanho sofrimento são, realmente, homens.




Porventura o livro mais conhecido de Ernest Hemingway, O Adeus às Armas é um romance de guerra. A história segue o protagonista, o tenente Frederic Henry, um americano que trabalha como motorista de ambulância em Itália durante a Primeira Guerra Mundial e que se apaixona por uma enfermeira britânica, Catherine Barkley. O relacionamento floresce tendo como cenário a brutalidade da guerra. À medida que o conflito se intensifica, Henry é ferido e enfrenta desafios emocionais e físicos que o levam ao limite, questionando o seu amor e a sua capacidade de sobrevivência. O romance explora temas como o heroísmo, o trauma de guerra e a busca pela paz. Como nenhum outro, Hemingway retrata de maneira realista os horrores da guerra e a luta das personagens para encontrar sentido e esperança num mundo devastado pelo conflito.