Passaram-se 50 anos sobre o primeiro dia do resto de muitas vidas. O 25 de Abril de 1974 foi a maré alta que trouxe de volta a Portugal Sérgio Godinho, na altura um jovem artista e criador que, vivendo pelo mundo fora, navegava na língua e música portuguesas. A liberdade é a palavra e o conceito que mais acarinha e defende e, se hoje «está a passar por aqui», também a ele o devemos. Não se define como cantor de intervenção, já que as suas criações musicais correspondem a uma realidade múltipla, tal como a sua ficção narrativa. Conta que, enquanto letrista, leva as palavras a deitarem-se num leito musical que cria previamente. Enquanto escritor, transporta para os livros a essência lírica e o sentido rítmico das suas canções.No seu mais recente romance, Vida e Morte nas Cidades Geminadas, Sérgio Godinho entretece a paixão entre dois jovens amantes com a dicotomia existencial entre a vida e a morte. A emigração, o fado, a saudade e o sentido de pertença também o permeiam.
O que se segue é uma conversa inesquecível com esta figura maior da música e da escrita, para quem criar e viver são duas coisas complementares, e sem ordem de preferência.
Nota: este entrevista foi originalmente publicada na revista WOOKACONTECE n.º 11, e pode lê-la, na íntegra, aqui.