WOOKACONTECE: "Aqui", a arrebatadora novela gráfica, chega aos cinemas em sintonia com o tempo

 

Capa do livro


    Aqui, do ilustrador e realizador norte-americano Richard McGuire, é um livro que arrebata o leitor pela forma como consegue estender infinitamente o tempo, em camadas sobrepostas de pequenos e grandes momentos, enquadradas numa miríade fascinante de “capturas” da vida, sempre a partir do mesmo ponto de fuga. McGuire, conhecido pelas capas do The New Yorker, dedicou 15 anos a escrever este livro para nos levar dos primórdios da Terra até à extinção da Humanidade, embora não por esta ordem... A abordagem confere uma nova dimensão à narrativa visual, afastando-se da tradicional leitura de cima para baixo e da esquerda para a direita das bandas desenhadas. Também a paleta de cores surpreende com a sua gama de variados tons e texturas, numa interpretação visual da memória e da compreensão humanas da passagem do tempo e, com ele, da finitude da vida.
    Sublimemente imagético, Aqui parecia pedir para ser um filme, e Robert Zemeckis, que sentiu isso mesmo, tomou em mãos a tarefa de dar movimento a essa «meditação sobre o facto de tudo estar constantemente em movimento e de nada ser permanente». Tenha-se em conta que Zemeckis é o mesmíssimo realizador de blockbusters como Regresso ao Futuro ou Forrest Gump, e começa-se a ter uma ideia do que a sua mais recente produção oferece. Todo o filme é contado a partir de um ponto de vista fixo, através de várias épocas. A câmara nunca se move. Mas o que capta e o que cria (neste caso, já com uns pozinhos de magia da Inteligência Artificial) é, no mínimo, surpreendente. O livro, é-o ainda mais.