Milhões de portugueses leram centenas de vezes o seu nome. Tornou-se uma marca e enriqueceu. E dezembro de 2023 morreu e não houve uma notícia sobre o assunto. Catatau era o seu nome.
Eu e o meu marido acabamos de ver esta série espetacular para quem é amante dos livros! 😍
"Lupin" é uma adaptação dos livros de aventuras escritos por Maurice Leblanc sobre o ladrão mais cavalheiro do mundo: Arséne Lupin. Desconhecíamos completamente esta personagem literária assim como o seu autor, mas ficamos fãs. Adicionámos à nossa booklist estes livros:
No blogue literário da WOOKpodemos ler este artigosobre os livros que originam filmes e chamam novos leitores, que neles descobrem muito mais do que aquilo que uma adaptação aos ecrãs, por fantástica que seja, consegue mostrar. Porque quando lemos criamos uma sessão que é só nossa, damos corpo às personagens da forma que mais gostamos, prolongamos as cenas que mais nos tocam, tornamo-nos amigos ou confidentes do narrador, … Mas como é bom ver aquelas histórias que conviveram connosco ganharem vida no corpo e na voz de atores, em enquadramentos que nos dão novas perspetivas, em cenários que nos fazem querer viajar!
Por isso, descubra connosco histórias que passaram – tão bem – das páginas para os ecrãs. Estas são algumas das melhores, dentro de vários géneros, que estrearam recentemente.
Provavelmente já terá visto o filme, mas agora há toda uma série baseada neste fantástico thriller centrado em Tom Ripley, o anti-herói que tenta estar sempre um passo à frente dos seus credores e da lei. Um convite para uma viagem à Europa parece uma oportunidade de recomeçar, mas nem sempre as coisas correm como esperado. Ripley ambiciona ter dinheiro, sucesso e uma boa vida, e quando a sua nova felicidade é ameaçada, ele mostra-se capaz de tudo, até de matar, com uma frieza e um calculismo que, no mínimo, arrepiam.
Na nova série, Andrew Scott interpreta o Ripley na adaptação em oito partes de O Talentoso Sr. Ripley (o primeiro volume de uma série de romances conhecidos como Ripliad). A autora, a genial Patricia Highsmith, consegue fazer-nos sentir que estamos dentro da cabeça de um sociopata. De tal forma constrói bem a personagem de Ripley, que o leitor dá por si a torcer por ele, esperando que saia ileso.
Data estreia/Plataforma: Já disponível (Netflix)
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Com este nome, percebe-se logo que há uma história por detrás desta. Se não viu a série na TV, está com sorte, porque pode entrar neste mundo romântico pelos livros!
A jovem Penelope Featherington sofre de amores pelo esbelto e cobiçado Colin Bridgerton há não um, nem dois, mas sim dez anos! Os seus dias passam num enfado, animados apenas pela paixão que guarda para si. Ela, que pensava saber tudo sobre Colin, nem desconfia o que a sorte lhe reserva. Ele, farto de ser julgado como mulherengo fútil e de estar longe de casa, no estrangeiro, decide regressar a Londres. Não contava era ficar com a cabeça à roda por causa de Penelope, que decide tomar a vida pelas rédeas. E já era sem tempo, dizemos nós.
Agora na terceira temporada, a série televisiva Bridgerton acompanha as aventuras de oito irmãos, membros de uma família aristocrata inglesa, na sua busca por amor. As duas temporadas iniciais adaptaram os livros O Duque e Eu e O Visconde que Me Amava, leituras capazes de provocar ainda mais sensações do que as séries televisivas.
Os mundos Young Adult dos romances de John Green tendem para o dramático, em modo expansivo, com grandes oscilações, emoções, mistérios e sonhos. Em Mil Vezes Adeus, assim é: Aza, uma jovem de 16 anos, esforça-se por viver cada dia o melhor que consegue, apesar de sofrer de transtorno obssessivo compulsivo, e acabar por não fazer tudo o que gostaria, por pensar demasiado nas coisas. Mas acaba por se ver envolvida numa investigação sobre o desaparecimento de um bilionário, com a sua amiga Daisy. E, quando se apaixona, é muito graças à amizade, mas também à sua determinação, que vai fazer tudo para não desistir de coisas tão simples como beijar alguém sem recear os milhões de micróbios que poderia apanhar. Parece cómico, mas é serio, tão sério como as outras histórias de John Green que já encantaram multidões: A Culpa É Das Estrelas (adaptado a filme) e À Procura de Alaska (adaptado a minisérie de TV). Pronto para verter uma lágrima? Vá, agarre já no livro!
Por causa de um poema, um tribunal bolchevique condena o conde Aleksandr Rostov a prisão domiciliária por tempo indeterminado, no sumptuoso Hotel Metropol. O ano de 1922 é um bom ponto de partida para uma epopeia russa, vivida a partir do átrio de um grande hotel que, com os seus costumes e rotinas, é um mundo em si mesmo. Despejado da sua luxuosa suíte, o conde é confinado a um quarto no sótão, de onde observa a dramática transformação da Rússia, que se reflete também no microcosmos do hotel – os seus magníficos salões de baile são agora pisados pelas pesadas botas dos camaradas proletários. O conde, astuto e apaixonado pela beleza, consegue sobreviver graças às amizades que vai construindo no hotel. Como o tempo que nos apresenta, este livro é uma obra épica e de escrita apaixonada e elegante.
A série, atrevemo-nos a dizer, faz juz ao livro, a começar pela escolha do ator que se transfigura na personagem de Aleksandr, Ewan MacGregor. Neste caso, poderemos concordar que livro e ecrã se complementam magistralmente.
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Luís Vaz de Camões, que se estima ter nascido em 1524 e morrido em 1580, é considerado um dos maiores nomes da literatura mundial, ocupando a sua vasta obra, ainda hoje, um lugar cimeiro na história da cultura portuguesa. O universo único que criou nos seus textos épicos e líricos tem despertado ao longo dos séculos interesse e paixão em leitores e estudiosos, como é o caso do escritor, tradutor e professor universitário Frederico Lourenço, que se assume um dos grandes leitores do poeta.
Para homenagear Luís de Camões no quinto centenário do seu nascimento, a Quetzal publica, no dia 29, um conjunto de textos selecionados e anotados por Frederico Lourenço, com o título “Camões. Uma Antologia”.
Esta antologia dá a ler “as passagens mais brilhantes” de “Os Lusíadas” e das “Rimas”, com um comentário ao mesmo tempo acessível, erudito e ousado, lê-se na sinopse.
Autor do romance camoniano “Pode um Desejo Imenso” e de estudos académicos sobre Camões, Frederico Lourenço dedica-se aqui a explorar, com elementos novos, a velha questão da presença clássica na obra camoniana, não deixando de enfrentar o problema de como lê-la à luz das mentalidades contemporâneas.
Outra aposta do grupo Bertrand para assinalar a data, neste caso pela chancela Contraponto, é a Biografia de Luís de Camões, da autoria da escritora e investigadora Isabel Rio Novo, a ser publicada em junho, que promete dar a conhecer o homem por detrás do mito.
A editora Guerra e Paz escolheu publicar o “Camões de que Sena nos faz orgulhar”, nas palavras do editor, Manuel Fonseca, que assinala a efeméride com a publicação de vários livros de Jorge de Sena dedicados a Luís de Camões e à sua obra.
A Porto Editora tem previsto publicar na Assírio & Alvim o “Teatro Completo” de Luís de Camões, a faceta “menos explorada, mas não menos magistral do grande poeta nacional”, que chega às livrarias no último trimestre do ano.
A Editorial Presença reeditou no mês passado, numa edição revista e aumentada, “Camões e Outros Contemporâneos”, livro de ensaios de Hélder Macedo que partem da premissa “contemporâneos são todos aqueles com quem vivemos”, para refletir sobre a antiguidade, ou não, da obra de Camões e a forma como esta continua presente em autores atuais.
Para os mais novos, a Booksmile, chancela do grupo Penguin Random House Portugal, lançou em fevereiro “Camões, As Aventuras e Desventuras de um Poeta Épico”, uma introdução à vida e obra do poeta, dirigida às crianças.
A Imprensa Nacional, que tem no seu histórico edições de “Os Lusíadas” e da Lírica Completa, além de estudos como “Camões e a Divina Proporção”, de Vasco Graça Moura, anunciou no seu plano para 2024 uma nova edição de “Os Lusíadas” e ainda um volume dedicado ao escritor na coleção infantojuvenil.
Sinopse: O Inverno do Nosso Descontentamento, o último romance que Steinbeck publicou, em 1961, é dominado pelos temas sociais, que conferiram à obra do autor uma unânime ressonância internacional. O núcleo do romance é o dinheiro, a hipocrisia e os falsos valores, a crítica serena mas implacável às engrenagens de uma sociedade que mutila o homem no que ele tem de mais autêntico. Na ponta final da sua carreira literária, John Steinbeck reencontra o fulgor de As Vinhas da Ira, o seu romance mais famoso, galardoado em 1940 com o Prémio Pulitzer.
Comentário
É a terceira obra que leio deste autor e a qualidade da sua escrita elevou-o para meu autor preferido. Identifico-me com a personagem de Ethan, com o seu raciocínio e a sua vontade de querer ser alguém de bem na comunidade onde vive. Quanto ao relacionamento de Ethan com a sua esposa Mary, também noto semelhanças com o meu casamento, e sim, às vezes precisamos de férias dos filhos 😅.
Ethan é uma pessoa que pensa muito sobre tudo e mais alguma coisa, por isso não consegue noites descansadas de sono, ao contrário de Mary (v. pág. 48,49 e 58); as reflexões que ele faz sobre o sucesso moral dos negócios (págs. 106 e 107), assim como as observações das pessoas e situações (págs. 114-115 e capítulo VIII), mostram o seu bom caráter.
A descrição que ele próprio faz do sótão da sua casa é muito boa, mostrando que não é um espaço esquecido, é sim usado e limpo com frequência (v. pág. 82 e 83). E para ele é importante ganhar dinheiro de forma justa, como tentou ensinar aos filhos (v. págs. 85 e 295 até ao fim). Compreendo a sua atitude de desespero, até porque ele próprio mexeu uns cordelinhos para sabotar os grandes planos para a cidade e duas pessoas acabaram por ser afastadas... Não creio que tenha agido com segundas intenções, mas houve consequências na mesma, há sempre.
De todas as personagens que socializam com Ethan e tentam suborná-lo, destaco a Margie Young-Hunt que tem o capítulo XII dedicado à sua pessoa. Vale a pena ler.
Recomendo a leitura deste livro, é muito bom! 👍
Citações
"Uma manhã inteira não é uma coisa, mas muitas. Muda não só em intensidade de luz, crescente primeiro, para declinar depois, mas em textura, em humor, em tom e em matizes, deformada pelos mil pormenores de uma estação, o calor ou o frio, a calmaria ou os diversos ventos, diferindo nos cheiros, nas construções feitas pelo gelo ou pela erva, nos rebentos, nas folhas ou nos ramos secos e nus. E como o dia muda, assim mudam também os seus atores: insetos, pássaros, gatos, cães, borboletas e pessoas." {pág. 23}
"New Baytown é um sítio encantador. O seu porto, que foi grande no passado, é protegido das borrascas de nordeste por uma ilha próxima da costa. A cidade tem as casas espalhadas nas margens de um conjunto de rias, que se alimentam das águas do mar, e que na maré baixa ficam reduzidas a uma rede de canais estreitos que vai do porto até ao mar. Não é uma aglomeração concentrada. À exceção das grandes casas dos baleeiros das épocas passadas, só se veem vivendas bem conservadas no meio das velhas árvores." {capítulo XI}
Passaram-se 50 anos sobre o primeiro dia do resto de muitas vidas. O 25 de Abril de 1974 foi a maré alta que trouxe de volta a Portugal Sérgio Godinho, na altura um jovem artista e criador que, vivendo pelo mundo fora, navegava na língua e música portuguesas. A liberdade é a palavra e o conceito que mais acarinha e defende e, se hoje «está a passar por aqui», também a ele o devemos. Não se define como cantor de intervenção, já que as suas criações musicais correspondem a uma realidade múltipla, tal como a sua ficção narrativa. Conta que, enquanto letrista, leva as palavras a deitarem-se num leito musical que cria previamente. Enquanto escritor, transporta para os livros a essência lírica e o sentido rítmico das suas canções.No seu mais recente romance, Vida e Morte nas Cidades Geminadas, Sérgio Godinho entretece a paixão entre dois jovens amantes com a dicotomia existencial entre a vida e a morte. A emigração, o fado, a saudade e o sentido de pertença também o permeiam.
O que se segue é uma conversa inesquecível com esta figura maior da música e da escrita, para quem criar e viver são duas coisas complementares, e sem ordem de preferência.
Sinopse: Na década de 1930, as grandes planícies do Texas e do Oklahoma foram assoladas por centenas de tempestades de poeira que causaram um desastre ecológico sem precedentes, agravaram os efeitos da Grande Depressão, deixaram cerca de meio milhão de americanos sem casa e provocaram o êxodo de muitos deles para oeste, rumo à Califórnia, em busca de trabalho. Quando os Joad perdem a quinta de que eram rendeiros no Oklahoma, juntam-se a milhares de outros ao longo das estradas, no sonho de conseguirem uma terra que possam considerar sua. E noite após noite, eles e os seus companheiros de desdita reinventam toda uma sociedade: escolhem-se líderes, redefinem-se códigos implícitos de generosidade, irrompem acessos de violência, de desejo brutal, de raiva assassina. Este romance que é universalmente considerado a obra-prima de John Steinbeck, publicado em 1939 e premiado com o Pulitzer em 1940, é o retrato épico do desapiedado conflito entre os poderosos e aqueles que nada têm, do modo como um homem pode reagir à injustiça, e também da força tranquila e estoica de uma mulher. As Vinhas da Ira é um marco da literatura mundial.
Comentário
É a segunda obra que leio deste autor e a forma de escrita lembra-me William Faulkner que, através das palavras, também expõe os males da sociedade, descrevendo situações e pessoas. Steinbeck faz um retrato fidedigno dos problemas que assolaram as populações vítimas do "dust bowl", a experiência literária que o autor proporciona é tão envolvente que eu senti-me uma okie totalmente injustiçada e sem saber exatamente o que fazer para sobreviver. Aquilo parecia o Velho Oeste onde o calor do deserto era insuportável e a falta de água potável uma constante.
O ponto central da história é a demanda da família Joad por encontrar na Califórnia uma casa e trabalho. Nós, leitores, não vemos isso a acontecer. A trama fica em suspenso. A viagem em si é bastante dura com vários percalços ao longo do caminho, mas a esperança nunca morre. Steinbeck valoriza o coletivo família em vez de um indivíduo único - quando uma personagem se torna independente da família, simplesmente desaparece - como se as dificuldades só pudessem ser ultrapassadas em conjunto. É um drama com notas culturais interessantes como por exemplo a multiplicação das áreas de serviço/bombas de gasolina e dos stands de automóveis, a coca-cola que já era uma bebida comercializável, o conceito novo de retrete (sanita com autocolismo) e a modernização da agricultura com o uso do trator.
Partilho uma citação do livro sobre a estrada 66, a tão icónica e emblemática estrada norte-americana:
"A 66 é o caminho de um povo em fuga, a estrada dos refugiados das terras da poeira e do pavor, do trovejar dos tratores, dos proprietários assustados com a invasão lenta do deserto pelas bandas de norte e com os ventos que vêm ululando aos remoinhos do lado do Texas, com as inundações que não traziam benefícios às terras e ainda acabavam com o pouco de bom que ainda possuíam. De tudo isso os homens fugiam e encontravam-se na Estrada 66, vindos dos caminhos tributários e das estradas sulcadas de calhas e de marcas fundas de rodas, que cortavam todo o interior. A 66 é a estrada-mãe, a estrada do êxodo." {in As vinhas da Ira de John Steinbeck}