Portugal: Uma História no Feminino Ana Rodrigues Oliveira Casa das Letras 648 páginas |
De D. Teresa de Leão e Castela a Maria de Lurdes Pintasilgo, a historiadora Ana Rodrigues Oliveira tece um percurso de 11 séculos no livro 'Portugal, Uma História no Feminino'. Uma proposta de síntese interpretativa da História de Portugal contada do ponto de vista feminino.
A autora que tem dedicado o seu trabalho de investigação à História Medieval, não quis com este seu livro apresentar apenas uma coletânea de biografias e frisa-o a abrir a conversa: “quis, essencialmente, contar a história de Portugal numa perspetiva sequencial, cronológica e, em simultâneo, quis tirar as mulheres de todos os tempos da sombra em que têm estado. É um livro que pode ser lido biografia a biografia, embora com o objetivo principal de contar a nossa História”. Uma narrativa que abre no longínquo século XI, com Teresa de Leão e Castela [1078/91?-1130] e que percorre um contínuo temporal até ao século XXI, mais precisamente a 2004, ano da morte de Maria de Lourdes Pintasilgo, a primeira mulher portuguesa a desempenhar funções ministeriais e chefe do V Governo Constitucional (agosto de 1979 a janeiro de 1980). “Escolhi mulheres diferentes, mulheres monárquicas, mulheres republicanas, mulheres apoiantes ou opositoras do Estado Novo, e que por isso foram presas e privadas dos seus direitos; mulheres que apoiaram a Guerra Colonial, mulheres que contra ela lutaram, mulheres anarquistas, mulheres escritoras que sofreram a censura e a repressão. No fundo, procurei interligar as duas histórias, porque não quero que os leitores considerem que este livro é um manifesto feminista. E, realmente, quem ler esta obra, verá o cuidado que houve em interligar as duas histórias, a feminina e a masculina, porque é necessário estudar a mulher na sua relação com o homem e vice-versa”, fundamenta a autora, cuja tese de doutoramento se intitula A Criança na Sociedade Medieval Portuguesa (2007). Uma linha de abordagem ao livro que Ana Rodrigues Oliveira deixa patente na introdução que escreve ao mesmo: “É cada vez mais importante que a sociedade tenha em conta o olhar das mulheres, porque é um olhar diferente do dos homens sobre os problemas e as possíveis soluções. E, se alguma virtude tem a História de género, a conclusão que se pode sempre retirar é que ambos tecem e compõem o tecido histórico, se complementam e explicam a realidade apreendida pelos historiadores”.
Continuar a ler o artigo no Diário de Notícias. 👈
Ana Rodrigues Oliveira, autora |