A 1ª edição do
Barómetro WOOK – Hábitos de Leitura, realizado pela Universidade Católica Portuguesa para a WOOK em setembro de 2024, confirma que a leitura continua viva no quotidiano dos portugueses. Os dados mostram que, embora ainda estejamos abaixo da média de certos países europeus, há sinais claros de crescimento — e são os jovens que mais impulsionam esta tendência. Entre hábitos, preferências, tempos dedicados e influências, há muito para descobrir sobre a forma como Portugal lê.
• Quem lê e quanto lêDo total de inquiridos, 67% afirmam ler com regularidade. Mais de metade (53%) lê entre 1 e 5 livros por ano, enquanto 18% lê entre 6 e 10. O destaque vai para os jovens entre os 18 e os 24 anos: 39% indicou ler mais de 10 livros por ano, e 23% chegam a ultrapassar os 20 títulos — valores muito superiores aos registados noutras idades. São seguidos pelo grupo dos jovens adultos, entre os 25 e os 34 anos, em que 28% leem mais do que 10 livros por ano. Segundo Rui Aragão, diretor da Wook, há uma tendência clara de subida do mercado editorial, que este ano registou um impulso de 10%, e que «tem como principais responsáveis os jovens».
• Tempo e formato
Em média, os portugueses dedicam 4,8 horas por semana à leitura. A faixa etária dos 25-34 anos é a mais assídua, passando pelo menos 8 horas semanais a ler, ao passo que a dos 45 aos 64 anos revela hábitos mais esporádicos.
Quanto ao formato, o livro físico mantém a supremacia: 81% preferem-no ao digital. Entre os que leem no ecrã, o smartphone é o suporte mais comum (58%). A leitura digital é mais popular entre os 35-44 anos (29% dos inquiridos), mas também se destaca nos grupos dos 25-34 e 55-64 anos. «O contacto com o livro físico continua a ter um peso emocional e cultural muito forte, mas a diversificação da oferta digital também ajuda a captar novos leitores», observa o diretor da Wook.
• Línguas e motivações
A língua nacional domina: 90% dos inquiridos leem em português e 64% fazem-no exclusivamente. Um em cada cinco lê também em inglês, sobretudo entre as gerações mais jovens. As principais razões para recorrer a outras línguas incluem a inexistência de versão portuguesa (18%), necessidades profissionais (16%) e o desejo de ler a obra original sem esperar pela versão portuguesa. Apenas 2% leem exclusivamente em inglês.
• Influências nas escolhas
Apesar da crescente presença de booktokers e bookstagrammers, as escolhas literárias continuam a ser moldadas, sobretudo, por círculos próximos: 29% seguem sugestões de amigos e 22% ouvem familiares. Apenas 6% assumem seguir influenciadores digitais na hora de decidir que livro comprar. Um dado que surpreendeu a Wook, segundo Rui Aragão, dada a reputação da relação dos jovens com essas figuras da esfera digital, mas que ainda assim devem ser vistas como uma oportunidade. Para o diretor da Wook, «mais do que a plataforma, conta a confiança», já que as escolhas são feitas com base em vozes que os leitores consideram credíveis».
• Quando e onde lemos
A leitura acontece, maioritariamente, em casa (86% dos participantes) e à noite (58%). A tarde é o segundo momento mais popular (21%). Apenas 4% afirmam ler sobretudo nos transportes públicos, ao ar livre ou no local de trabalho.
O crescimento do mercado editorial português no último ano foi impulsionado por uma nova geração de leitores que consome livros com entusiasmo e regularidade. Embora ainda haja caminho a percorrer para atingir os níveis de países como a França, onde os leitores mais assíduos devoram dezenas de livros por ano, Portugal vive um momento de renovado interesse pela leitura. E, ao que parece, a história dos próximos capítulos será escrita, em grande parte, pelas mãos dos mais jovens.
💚💜