Livros com Gipsofila |
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Sarah Patterson, sofisticada autora de 15 anos, gosta de vinho tinto, da música de Johnny Dankworth e de fazer compras na Bond Street. Tem as mesmas feições morenas e atraentes da sua heroína - Kate Hamilton - e veste com distinção as saias compridas que estiveram em moda na década de 40 (desde sempre apreciou também, para além da moda e do estilo próprios dessa época, os filmes e a música). O tema da sua obra "Aquele Verão Distante" nasceu quando Sarah ajudava o pai a recolher material para ser usado num livro. A autora recorda: "Quando a ideia ganhou forma, recolhi material técnico na biblioteca; falei com o meu avô, que foi membro de uma tripulação de terra numa base de bombardeiros; com Stephan, um artilheiro de retaguarda polaco e com um amigo do meu pai que foi navegador num Lancaster". Mesmo assim, pode causar admiração como uma escritora tão jovem soube apreender com tal exatidão a atmosfera da época!
Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra © Paulo Mendes |
Palácio Nacional de Mafra © António Sacchetti |
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"Aliás, entre o facto de escrever e o de viajar há realmente algumas relações secretas (...) ambas as atividades atestam uma espécie de instabilidade essencial. (...) Escrever, é coisa que começa pelo sentimento de estar deslocado, sem eira nem beira, sem fé nem lei. (...) A literatura não é uma atividade mundana, ela implica um desacordo com o mundo."
"Os escritores, com as suas perspetivas, as suas avenidas e os seus cais de palavras, as suas cúpulas e as suas colunas de palavras, e também as suas lixeiras, esgotos, bafios e papéis gordurosos de palavras, contribuem muito para nos enganar e para errarmos dentro e acerca das cidades. Lemos um desses livros cujo objeto é uma cidade e depois, ao desembarcarmos um dia pela primeira vez, constatamos que nada mudou desde que nunca lá estivemos."
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"(...) O médico é um sujeito milagroso e optimista, que vive de honrarias, que não tem estômago nem família, aceitando ou implorando, de chapéu na mão, um canto qualquer onde trabalhe de graça. É o único profissional, neste mundo bem atento ao deve e haver, que se basta com doentes, horas afanosas de lida, uma euforizadora aparência de auréolas e proveito."
"O Sr. Ernesto era um ramo decadente duma família de curandeiros (...) nenhum doente entregava a receita na farmácia sem a [sua] aprovação."
"A medicina, sendo para o povo uma ciência de iluminados, devia ser praticada por quem não tivesse aprendido em livros; o espantoso era vir alguém da ignorância e mergulhar nos mistérios do corpo humano. O médico era, por assim dizer, o profissional sem vocação; merecia mais a confiança o que nascera predestinado".
"(...) Se me perguntassem um dia qual o meu ideal de felicidade, eu responderia: um mundo em que as crianças e os velhos se sentissem felizes. É neles que se espelha o uso que os homens fazem tanto da justiça como do amor (...)"
Celso Costa |