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Livros com Gipsofila |
Ficha do Livro
Autor: Olivier Rolin
Edições: ASA
Nº de Págs.: 144
Coleção: Pequenos Prazeres
Ano de Edição: 2001
Classificação: Romance
Sinopse: O Meu Chapéu Cinzento de Olivier Rolin transporta-nos numa extraordinária viagem, da Alexandria de Cavafy e Durrell à Lisboa de Fernando Pessoa, à Atenas de Melina Mercouri, à Goa de Tabucchi, aos Açores de Antero e dos pescadores de baleias... Recusando embora a classificação de escritor de viagens, Rolin demonstra aqui, porém, a velha e frutuosa ligação que a viagem e a literatura estabeleceram desde que Homero fez Ulisses voltar a Ítaca...
A presente edição de O Meu Chapéu Cinzento - título inspirado num verso de Blaise Cendrars - reproduz nove das viagens da edição original francesa, selecionadas pelo autor e pelo editor português. Como diz Olivier Rolin, a coerência que podemos esperar deste conjunto de relatos é a que resulta do facto de "em cada uma das escalas desta peregrinação nos termos esforçado por exigir alguma exactidão das palavras, de modo a que elas constituíssem como que os fragmentos de uma geografia, isto é, de uma escrita escrupulosa de terra".
Comentário
Em 2009 fiz a primeira tentativa para ler este livro. Não consegui. Realmente foram necessários anos de "amadurecimento" para conseguir agora ler tudo - ou desta vez estava mais concentrada - quem sabe? 😅
Mas a verdade é que a escrita de Rolin não é para qualquer um. Pelo menos não é para mim. Neste livro o autor mostra a sua enorme cultura geral, o seu grande conhecimento pela literatura e o seu amor às viagens:
"Aliás, entre o facto de escrever e o de viajar há realmente algumas relações secretas (...) ambas as atividades atestam uma espécie de instabilidade essencial. (...) Escrever, é coisa que começa pelo sentimento de estar deslocado, sem eira nem beira, sem fé nem lei. (...) A literatura não é uma atividade mundana, ela implica um desacordo com o mundo."
Rolin também apresenta o conceito interessante de cidades-livros, onde associamos um autor a uma cidade (quase em tom de elogio), como por exemplo Praga é Kafka, pois é através dos livros e não dos mapas que conhecemos as cidades e nos tornamos viajantes de literatura, em vez de simples leitores. De facto há cada vez mais rotas/percursos/guias turísticos baseados nos livros - é o chamado turismo literário.
"Os escritores, com as suas perspetivas, as suas avenidas e os seus cais de palavras, as suas cúpulas e as suas colunas de palavras, e também as suas lixeiras, esgotos, bafios e papéis gordurosos de palavras, contribuem muito para nos enganar e para errarmos dentro e acerca das cidades. Lemos um desses livros cujo objeto é uma cidade e depois, ao desembarcarmos um dia pela primeira vez, constatamos que nada mudou desde que nunca lá estivemos."
Referências
Desafio Literário