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Ficha do Livro
Autor: Fernando Namora
Edições: Círculo de Leitores
Nº de Págs.: 528
Ano de Edição: 1977
Classificação: Romance
Sinopse: Retalhos da Vida de Um Médico é um conjunto de crónicas fundamentalmente acerca da vivência de Fernando Namora na sua atividade profissional enquanto médico de província.
Comentário
Fernando Namora expõe a ignorância e a mesquinhez das pessoas das aldeias, relata o medo e a descrença pela medicina, narra a vida difícil dos médicos de província. Naquela altura proliferavam os curandeiros, os barbeiros, os endireitas e as parteiras... reinava a sabedoria popular. Embora houvesse hospitais, médicos e enfermeiras, as pessoas desvalorizavam. Por isso é que a reforma da saúde foi tão importante, assim como a criação do Serviço Nacional de Saúde.
Fiquei surpreendida com várias situações descritas no livro! É verdade que estamos a falar do Portugal dos anos 40 e 50, mas mesmo assim é impressionante como ainda hoje existem pessoas que pensam e agem dessa forma tão retrógrada... com tanta informação disponível... Custa-me compreender.
Partilho três excertos:
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"(...) O médico é um sujeito milagroso e optimista, que vive de honrarias, que não tem estômago nem família, aceitando ou implorando, de chapéu na mão, um canto qualquer onde trabalhe de graça. É o único profissional, neste mundo bem atento ao deve e haver, que se basta com doentes, horas afanosas de lida, uma euforizadora aparência de auréolas e proveito."
"O Sr. Ernesto era um ramo decadente duma família de curandeiros (...) nenhum doente entregava a receita na farmácia sem a [sua] aprovação."
"A medicina, sendo para o povo uma ciência de iluminados, devia ser praticada por quem não tivesse aprendido em livros; o espantoso era vir alguém da ignorância e mergulhar nos mistérios do corpo humano. O médico era, por assim dizer, o profissional sem vocação; merecia mais a confiança o que nascera predestinado".
"(...) Se me perguntassem um dia qual o meu ideal de felicidade, eu responderia: um mundo em que as crianças e os velhos se sentissem felizes. É neles que se espelha o uso que os homens fazem tanto da justiça como do amor (...)"
Referências
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