Já se sabe que os livros são janelas para a vida. Aqui, são portas e janelas abertas para o conhecimento. Da filosofia à física, temos tudo. Mergulhemos.
Começamos pelo passado e entendemos o presente. Entendemos, aliás, que coisa é esta que nos invade os dias e nos foge à compreensão. Não tem sido coisa pouca viver nestes tempos loucos em que a tecnologia já ultrapassou qualquer fantasia futurista. Harari mostra, neste livro, a vida de todos os dias – tanta informação acumulada e tanta desinformação a circular; tanto conhecimento científico, tanto potencial, e uma inteligência artificial com potencial para destruir a Humanidade, aliada a escolhas de produção que põem o planeta em xeque. No fundo, esta ideia-base: uma civilização antiga, racional, conseguiu evoluir de tal forma que criou os mecanismos para a sua destruição. Nexus não é um livro de respostas: em vez disso, o autor analisa a forma como o acesso a informação foi dirigindo a vida e os grandes fenómenos sociais, em que se incluem o nazismo ou o populismo. Lê-lo é, por isso, uma viagem.
O cérebro é o mistério que regula mistérios. Aqui, Monty Lyman, médico especialista de ponta em imunopsiquiatria, explica a leigos o sistema imunitário: ao contrário do que se julgava até há pouco tempo, este comunica constantemente com o cérebro, daqui dependendo a nossa saúde mental. Claro, tudo isto é coisa para mais do que um ou dois parágrafos, uma vez que se trata da abertura dos horizontes da medicina – e eu sou tão leiga quanto se deseja para a leitura deste livro. Cogitam-se novas hipóteses, como a relação entre a inflamação e a depressão ou mesmo novos efeitos secundários de medicação. Além de discorrer sobre o tema, Lyman ainda vai à parte prática, aconselhando o leitor sobre formas de se manter saudável, numa abordagem integral ao corpo humano. E quem lê, e costuma usar o cérebro para pensar sobre assuntos, pode agora fazer de assunto o próprio cérebro.
Venham os livros, que, às vezes, são a forma mais fácil de chegarmos aos recantos da vida. E, no caso, aos cantos da Coreia, sejam cantos mais a norte ou mais a sul. A história daquela zona do globo tem sido mexida, com uma divisão em dois países que contrastam. De um lado, há uma democracia com tecnologia avançada e cultura pop conhecida em todo o mundo; do outro, há o mistério do regime mais fechado e totalitário do mundo. É a esta parte, à da Coreia do Norte, que é tão difícil chegar, daí que cada livro que lhe meta os holofotes em cima seja visto como uma peça valiosa para se conhecer e entender o mundo. É esse avanço que os autores permitem, focando-se em partes fundamentais da história das Coreias, incluindo a ocupação japonesa e os processos de independência. Com uma prosa simples e uma narrativa clara, o livro mostra de que forma dois sistemas tão diferentes puderam existir.
Há uns anos, quando precisei de inventar dinossauros num romance, fui beber a este livro. Por motivos diferentes, outros poderão ir lá beber da mesma forma. Ou seja, da mesma fonte. De forma didática e dinâmica, Bryson conta a história do mundo, do micro ao macro, sem que o leitor tenha um segundo de pausa ou se aborreça. Em vez disso, entusiasma-se e apressa-se na chuva de informação bem doseada, bem dada, bem escrita. De repente, eis o resumo da vida inteira, e por vida entende-se mesmo o organismo biológico: está lá obig-bang, está lá o meteorito que, para nosso bem, aniquilou os dinossauros, está o planeta cada vez mais quente, estão os vulcões, os micro-organismos, os cientistas, as teorias, os gases, as pedras. Está lá tudo, numa prosa leve, livre, solta, e num livro que encanta quem cair nele como quem se atira a um poço.
Para quê ter medo da filosofia, se Nigel Warburton escreve livros? Basta lê-lo para saber muito, e para querer saber mais ainda. Neste livro, que dá uma boa tarde de domingo, temos as questões fundamentais da filosofia mostradas como coisa de todos os dias, com as discussões que dali saem. Num compêndio limpo, Warburton escreve sobre ética, filosofia da arte, filosofia política e o que mais há no prato do estudo filosófico. Sobretudo, este é um livro útil, conseguindo não só explicar conceitos, dando uma visão panorâmica aos leitores, mas também mostrar o papel desses conceitos na vida e nas dúvidas existenciais coetâneas. Além disso, cogita-se a melhor forma de tratar os animais não-humanos, e abrem-se portas para outras leituras dentro da disciplina mais temida do ensino secundário.