Penguin Magazine 🐧: A Voz dos Tradutores

 


Nunca como agora se falou tanto, em Portugal, sobre o ofício do tradutor. Somos, reconhecidamente, um país com «tradutores de referência», artesãos da língua portuguesa que conferem um carimbo de qualidade aos livros a que se dedicam. Nas últimas décadas, são incontornáveis, por exemplo, os nomes de António Pescada, António Sousa Ribeiro, Helena Topa, Isabel Castro Silva, João Barrento, Jorge Vaz de Carvalho, Margarida Periquito, Maria de Lourdes Guimarães, Paulo Faria ou Pedro Tamen, para nomear apenas alguns. Apesar de povoarem as nossas estantes, nem sempre reconhecemos os seus nomes de imediato, exceto quando são também escritores de relevo, como, por exemplo, Ana Luísa Amaral, Daniel Jonas, Frederico Lourenço, José Bento, Luísa Costa Gomes, Margarida Vale de Gato, Tânia Ganho ou Vasco Graça Moura.
Mais do que nunca, importa nomear os tradutores. Sem o seu trabalho de engenho e minúcia, não conheceríamos a grande literatura mundial tal como ela existe em português. Numa altura em que o foco mediático se dirige para a ameaça da Inteligência Artificial que paira sobre as condições de trabalho dos tradutores e com a criação do Coletivo de Tradutores Literários, conversámos com alguns dos membros desta nova estrutura.





Os romances históricos de Isabel Machado 👑

 

Vitória de Inglaterra — A Rainha Que Amou e Ameaçou Portugalde Isabel Machado

O romance histórico de Isabel Machado mostra o lado menos
conhecido de uma das figuras mais marcantes da História da Europa
e a sua ligação a Portugal.
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Quando, aos dezoito anos, Vitória sobe ao trono, recai sobre si a esperança de que restitua a respeitabilidade e o decoro que há muito abandonaram a Coroa inglesa. 

Dotada de um aguçado sentido político, Vitória pretende manter as convulsões do continente fora do reino e continuar a expandir o seu poder pelo mundo. Mas os fortes laços familiares e de afeto com Portugal vão criar-lhe alguns dos momentos mais difíceis do seu longo reinado.
Luísa de Gusmão, lançado em 2023.

Em Luísa de Gusmão, Isabel Machado traz-nos a história de uma mulher forte, corajosa e determinada, cuja influência foi decisiva na restauração da independência de Portugal. Regida pela fé, com uma ligação inabalável ao marido e aos filhos, vai tornar-se também uma das grandes figuras políticas da Restauração.

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Outros romances históricos da autora
SOBRE A AUTORA
 
Isabel Machado nasceu em Lisboa, completou o 12.º ano nos Estados Unidos e é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Foi jornalista, lecionou Português e Francês no ensino básico e secundário, Português como Língua Estrangeira, e fez trabalhos de tradução e interpretação simultânea. Durante onze anos foi pivô e jornalista.

Em 2012, publicou o primeiro romance histórico, Isabel I de Inglaterra. Em 2014, publicou Vitória de Inglaterra — A Rainha Que Amou e Ameaçou Portugal, agora relançado.

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NOVIDADE LIVRO: "Milhares de Palavras" de Tim

Capa do livro

Livro "Milhares de palavras" reúne letras escritas por Tim em quase 50 anos de carreira. Num dos textos que abre o livro, Tim partilha que no início da carreira dos Xutos & Pontapés eram Zé Pedro e Zé Leonel, que pouco depois abandonou o grupo, que escreviam as letras das músicas. Nessa altura, a Tim cabia ajudar nos refrãos, como aconteceu nas letras de Sémen ou Não sou o único. Foi com “estes dois mestres”, Zé Pedro e Zé Leonel, que Tim se aventurou nas letras completas. Quero mais e Toca e foge, incluídas no álbum “78/82”, editado em 1982, foram as primeiras.
“Um belo começo”, considera Tim, que “seguia com atenção” o trabalho de outros escritores de canções, como António Manuel Ribeiro (UHF), Rui Reininho (GNR), Carlos Tê, Pedro Malaquias e, mais tarde, João Monge.

👉 Podemos ler a notícia completa aqui no jornal Observador. 👈



Tim, músico dos Xutos & Pontapés


Portal da Literatura: livros em destaque

 


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WOOKACONTECE: A Vida dos Escritores

Interessa o que escrevem, mas pelos vistos também interessa quem são. Não é de agora: já há muito se busca a vida de quem inventa vidas. Eles inventam personagens, histórias, versos, e os biógrafos tentam descortinar quem foram.



Camões nasceu há 500 anos. Dele, conhecem-se as palavras. De um homem cujo nome todos os portugueses conhecem, de um poeta cujos versos são lembrados, é espantoso o quão pouco parece que se sabe. Salvou-se o que escreveu – tal como Camões salvou o que escreveu da água. E Isabel Rio Novo meteu-se na tarefa hercúlea de descortinar quem foi o poeta máximo da lusofonia.
Com prosa veloz, elegante e sem manias, a biógrafa é também uma das vozes mais relevantes da produção coetânea em Portugal. Além disso, já não é estreante nesta tarefa de ir buscar a vida à fonte, já que já antes escreveu sobre Agustina Bessa Luís. O Poço e a Estrada, publicado em 2019, é um trabalho meticuloso sobre uma das mais importantes autoras portuguesas do século XX, e também das mais profícuas. Romance, conto, ensaio, memória, biografia, peças de teatro, tudo lhe saiu das mãos. Enquanto mostra a autora, Isabel Rio Novo mostra também uma mulher pouco convencional. Tal não espanta quem saiba de onde vem o impulso para escrever. A biógrafa lançou mãos à obra como quem tenta fechar os vazios possíveis. O livro é o resultado de dezenas de entrevistas, consulta de cartas e documentários, recolha de testemunhos. Entre a biografia e a obra, há sempre uma ponte. O leitor atravessa-a a cada página, ligando ambos os lados, e lendo uma biografia de forma escorreita.
Enfim, depois de Agustina, veio o poeta maior. O livro Fortuna, Caso, Tempo e Sorte passou cinco anos no forno. Numa biografia que se lê como um romance – uma epopeia, vá –, vamos ligando o homem ao poeta. Dos versos vai-se à vida, e vice-versa. O trabalho é de fundo, a bibliografia é extensa, mas o livro, que é longo, é lido de forma escorreita. Parece que está lá tudo, até o olho perdido, e por isso Camões passa a Luís. O livro parece colmatar o que faltava: conhecimento estruturado, que fosse buscar a vida por trás da obra, não raras vezes explicando-a.
Enquanto mergulha no homem que é poeta, ou no poeta que afinal também é homem, na medida em que é mais conhecido pelo que escreveu do que pelo que fez ou foi, Isabel Rio Novo mostra o criador em toda a sua dimensão. Afinal, para os versos que fez – em especial, n'Os Lusíadas –, muito contribuíram as voltas dadas: o nosso poeta maior não se fez só em bibliotecas.



Tenho sempre a ideia de que José Cardoso Pires foi um amigo que não cheguei a conhecer. Entusiasma-me a Lisboa que descreveu, embora, em boa verdade, talvez só na literatura. Não só é mais do que nada como já é quase tudo. Tantas vezes passeei pelo Cais do Sodré ouvindo o seu sussurro vindo do British Bar. Quem lá passava via grupos, via copos: eu via-o escrever como se ainda lá estivesse. E, irremediavelmente, sentia remorsos de estar a ver a vida em vez de estar em casa a escrever sobre ela. José Cardoso Pires é um dos grandes da literatura, e um dos meus maiores. Será também um dos maiores de Bruno Vieira Amaral, pelo menos a julgar pela forma como escreveu sobre ele. Ao ler o O Integrado Marginal, o leitor viaja entre literatura e autor, vê texto e contexto ao mesmo tempo, vê de que forma se faz um escritor. Não será surpresa que não lhe faltem dúvidas na hora de criar.




Os anos passam e parece que Natália Correia não chega a envelhecer. Em 2024, até as suas intervenções no Parlamento parecem atuais. É difícil esquecer o poema escrito à pressa para responder a João Morgado num debate sobre a interrupção voluntária da gravidez. Natália era densa, completa, complexa, uma das maiores em Portugal no século XX. O que produzia era simbólico e forte, obrigando o leitor a ir à caça dos sentidos. Filipa Martins meteu-se nisto de escrever a vida de uma das mais inquietas autoras da história da literatura portuguesa. O trabalho, também meticuloso, vai-lhe à arte e ao carisma. O Dever de Deslumbrar faz o mesmo que a biografa: deslumbra quem o lê.




Biografar vivos há-de ser pior do que biografar mortos. Maria teresa Horta foi censurada e espancada, não pediu licença a ninguém, não baixou a voz. Pelo contrário, após a confusão que deu o livro Minha Senhora de Mim, em 1971, escreveu Novas Cartas Portuguesas, com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. Conhecê-la é, por isso, conhecer também uma parte fundamental da nossa História. O seu percurso a sós diz-nos muito sobre os tempos do Estado Novo e a forma de agir do lápis azul: não só em relação à literatura, mas também em relação à produção simbólica vinda de mulheres. Escrever a sua vida de forma simpática para o leitor é que há-de ter sido o diabo, mas aqui está o resultado-


WOOKACONTECE: Isabel Rio Novo de A a W


«Verdade, amor, razão, merecimentoQualquer alma farão segura e forte,
Porém, fortuna, caso, tempo e sorte
Têm do confuso mundo o regimento.»


É com este poema, que inspirou o título de Fortuna, Caso, Tempo e Sorte – Biografia de Luís Vaz de Camões, que Isabel Rio Novo nos convida a entrar nas mais de 700 páginas (notas finais incluídas) que dedicou à vida do maior poeta português. A autora de ensaios, biografias e romances guia-nos agora pela História, apoiada em documentação antiga e recente, para nos trazer, 500 anos depois do nascimento de Camões, uma visão abrangente e rigorosa da grande figura que este foi, e continua a ser, do homem à ideia que dele se foi construindo. Ao longo de cinco anos de investigação, que incluiu viagens a Goa – onde descobriu o paradeiro de um retrato do poeta que andava extraviado – e a Moçambique – onde Camões viveu dois anos –, Isabel Rio Novo teve sempre a preocupação de reconstituir rigorosamente a época quinhentista, fulcral para entender os conceitos cujo sentido se vai perdendo com o tempo.
Perante as muitas incertezas sobre Camões, a começar pelo local onde nasceu – que pode bem ter sido o Porto –, Isabel Rio Novo consegue o feito de nos pôr a olhar através de um magnífico caleidoscópio do qual cada um fará a interpretação possível, dadas que estão as cores e as nuances com que o tempo pintou o retrato deste homem. Os capítulos desta biografia indispensável têm títulos tão cativantes como «Mocidade Florida», «Barca de Vidro Sem Leme», «Outra vez acometendo os duros medos» ou «Ninguém, que nisso enfim se torna tudo», quase sempre retirados aos versos de Camões, pois impossível seria não se deixar contagiar pela beleza e sentido profundo das letras do poeta, ao sobre ele escrever.
Encantados que ficamos com um primeiro e leve vislumbre desta obra, que tanto nos revela, e tão bem, pedimos a Isabel Rio Novo que nos dedicasse uma frase por cada letra do nosso abecedário (que não podia, desta vez, acabar no W). Saboreie, também, esta aguarela da vida camoniana.





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De A a W
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A – Amor. O grande tema da poesia de Camões.

B – Barreto. O apelido do governador da Índia com quem Camões se incompatibilizou.

C – Coutinho. O apelido do vice-rei da Índia que favoreceu o Poeta. Chamava-se Francisco, tal como o anterior.

D – Desterros. Camões sofreu vários, ao longo da vida, por questões de amores e não só.

E – Espada. Camões, que foi Poeta e soldado, dizia ter «numa mão a espada, e na outra a pena». Usou-as bastante.

F – «Fortuna, caso, tempo e sorte». Governavam o mundo, segundo Camões. Talvez tivesse razão.

G – Goa. A capital portuguesa no Oriente na época de Camões e uma espécie de Babilónia, segundo as palavras do Poeta.

H – Homiziado. Camões foi homiziado no Norte de África, onde combateu e perdeu um olho.

I – Inês de Castro, a «mísera e mesquinha que depois de morta foi rainha» e inspirou uma das mais belas passagens de Os Lusíadas.

J – Jau. Os biógrafos antigos referiram-se assim ao escravo ou escravo alforriado (talvez javanês), de nome António, que Camões trouxe do Oriente e a quem era muito afeiçoado.

K – Khan. Adil Khan, Yusuf Adil Shah ou, na versão adulterada pelos portugueses, o Idalcão, senhor de Goa até Albuquerque terríbil ter conquistado a cidade.

L – Os Lusíadas, a epopeia da chegada dos portugueses à Índia e obra-prima de Luís Camões.

M – Malcozinhado. Era o nome que, na época, se dava aos estabelecimentos noturnos onde se servia comida barata e se fazia a festa. Camões conheceu uns quantos.

N – Ninfas. As numerosas filhas de Tétis e do Oceano, segundo a mitologia pagã. As Tágides, do Tejo, são invocadas no início de Os Lusíadas; outras recebem os marinheiros portugueses na Ilha dos Amores, já durante a viagem de regresso ao Reino.

O – Olimpo. Júpiter, Vénus, Baco e os outros habitantes do Olimpo acompanham e interferem na aventura do Gama e dos companheiros.

P – Parnaso de Luís de Camões. Assim se chamava o livro que Camões tinha em preparação na Ilha de Moçambique e que perdeu ou lhe furtaram, no regresso ao Reino.

Q – «Que grande variedade vão fazendo…». É o primeiro verso da écloga que assinala as mortes de D. António de Noronha e do Príncipe D. João, pai de D. Sebastião, e que Camões considerava a «melhor que já tinha feito».

R – Retratos. Conhecem-se apenas dois retratos de Luís de Camões feitos em vida deste. Um foi desenhado estando o Poeta na prisão de Goa. Do outro só resta uma “cópia fidelíssima”, realizada no século XIX a partir do original (entretanto perdido) pintado por Fernão Gomes.

S – D. Sebastião, a «maravilha fatal» a quem Os Lusíadas foram dedicados e cuja morte, em Alcácer Quibir, foi devastadora para Camões e para a nação.

T – Tronco era o nome que se dava, na época, à prisão. Camões conheceu o de Lisboa e o de Goa, por onde passou mais do que uma vez.

U – «Um não sei quê, que nasce não sei onde,/ vem não sei como, e dói não sei porquê». Uma das definições poéticas do amor, segundo Camões.

V – Vénus e o Velho do Restelo. Ela fez tudo para que os portugueses chegassem à Índia. Ele não concordava com o empreendimento. Duas grandes personagens de Os Lusíadas.

W – WOOK, o melhor lugar para encontrar Camões.

X – Xavier, São Francisco. Fundador da Companhia de Jesus, missionário nas partes do Oriente e sepultado em Goa ao tempo de Camões. O Poeta, que não apreciava propriamente os jesuítas, mal falou dele.

Z – Zodíaco. Camões interessou-se pela «profética ciência» da astrologia, como a maioria dos homens e mulheres do seu tempo, acreditando que o horóscopo influía no destino do indivíduo.


WOOKACONTECE: "O dia D contado por Winston Churchill"


Há 80 anos, a 6 de junho de 1944, a maior operação anfíbia e aérea conjunta da História uniu as forças militares sobretudo do Reino Unido, Canadá e EUA, além de outros nove países aliados contra o domínio nazi, marcando o início da libertação da Europa Ocidental.
Foi necessária uma preparação de dois anos para o conseguir. Cerca de 2 milhões de militares de mais de 12 países concentraram-se no Reino Unido em preparação para a invasão. No Dia D, as forças aliadas eram constituídas principalmente por tropas americanas, britânicas e canadianas, mas incluíam também apoio naval, aéreo e terrestre australiano, belga, checo, holandês, francês, grego, neozelandês, norueguês, rodesiano e polaco.
Só nesse dia, morreram em batalha mais de 4.000 militares das forças aliadas, um número trágico ao qual se somariam milhares de mortos, feridos e desaparecidos durante os dias e semanas que se seguiram, no esforço por conquistar e manter uma segunda frente contra a Alemanha de Hitler.
Winston Churchill foi um dos grandes estrategas e líderes por detrás desta operação que mudou a História da Europa. No seu livro, Memórias da II Guerra Mundial, que lhe valeu o Prémio Nobel de Literatura, o primeiro-ministro britânico dá-nos o seu testemunho desta grande operação. 
 



Penguin Magazine 🐧: "100 anos de James Baldwin, um escritor comprometido"

 

James Baldwin



Perseguido, pária, maldito, visionário, supremamente livre: James Baldwin está mais vivo do que nunca. No ano em que se celebra o centenário do seu nascimento, importa recordar o legado que deixou às gerações futuras, nos atos e nas palavras.

Escritor, ativista, voz de intervenção, vulto inconformado e inconformista, gigante do panorama literário do século XX, ativista na luta contra todas as formas de discriminação, comprometido acima de tudo com a liberdade: eis James Baldwin, o escritor negro e homossexual que transformou para sempre a paisagem humana e social da sua amada Nova Iorque, ainda que tenha passado décadas na Europa, à procura de um lugar para si.


Faria 100 anos em 2024, efeméride que serve de pretexto para, um pouco por todo o mundo, se fazer reviver o legado de uma personalidade excecional. Em Portugal, os livros de James Baldwin começaram a ser publicados em 2018, mais de trinta anos depois da sua morte. Desde então, a Alfaguara já deu à estampa os romances "Se o disseres na montanha", "Se esta rua falasse" e "O quarto de Giovanni", bem como os volumes de ensaios "Da próxima vez, o fogo" e "Notas de um filho da terra". Não ficaremos por aqui – a obra de Baldwin não merece menos do que o pódio de qualquer catálogo editorial. Recordamos aqui os marcos da sua vida:

Origens: A mãe de James Baldwin nasceu numa localidade rural pobre, no estado de Maryland. Era conhecida na sua comunidade como uma dotada escritora. Trabalhava já em Nova Iorque como empregada de limpeza quando nasceu James, o mais velho dos seus nove filhos, que nunca conheceu a identidade do pai biológico. Tomou o apelido do padrasto, severo pastor protestante com quem manteve uma relação tensa e cujas ideias rígidas o marcariam para sempre. James costumava dizer que o seu exílio começou na infância.

A palavra como refúgio: O jovem James procurava refúgio da infância difícil na biblioteca pública. Tal como a mãe, e incentivado por uma professora que nele detetou a chama da palavra, começou a escrever muito cedo: poemas, peças de teatro e narrativas curtas. Entre os 14 e os 17 anos, foi pregador numa pequena igreja, experiência nuclear no romance autobiográfico Se o disseres na montanha: «Aqueles três anos atrás do púlpito […] foram o que fez de mim escritor, ter de lidar com toda aquela angústia, desespero e beleza.»

Exílio e criatividade: Com a ajuda do escritor Richard Wright, conseguiu uma bolsa para escrever e começou a publicar em revistas literárias. Aos 24 anos, parte para Paris, fugindo ao racismo e homofobia que dilaceravam o seu país. Foi aí que se envolveu politicamente com movimentos de esquerda e que conviveu com uma trupe vibrante de artistas e intelectuais, incluindo o casal Sartre-Beauvoir, no mítico Café de Flore. À Paris Review, Baldwin explicou que chegou à cidade «com 40 dólares no bolso […]. Eu sabia o que significava ser branco e sabia o que significava ser negro, e sabia o que iria acontecer comigo [em Nova Iorque]. A minha sorte estava a acabar. Ou ia preso, ou matava alguém ou alguém me matava a mim.»

Primeiro romance: Em 1953, publicou o primeiro romance, Se o disseres na montanha, recebido com críticas entusiastas. Seguiu-se, dois anos depois, Notas de um filho da terra, coletânea de ensaios que oferece uma poderosa reflexão sobre a negritude, em pleno alvorecer do movimento dos direitos civis. Setenta anos mais tarde, permanece um testemunho incontornável sobre pertença, segregação, fé e liberdade.

Livro rejeitado: O segundo romance de Baldwin, O quarto de Giovanni, é dedicado ao seu amante, o pintor suíço Lucien Happersberger. Conta a história de um americano em Paris, dilacerado entre o amor por um homem e o compromisso com uma mulher. Por causa do tema, foi rejeitado pelo seu editor americano, mas ficou na história como o primeiro romance de um negro a lidar com a homossexualidade.

Ativismo e consagração: Em 1963, de volta aos EUA, participou na lendária Marcha dos Direitos Civis em Washington, ao lado do seu amigo Marlon Brando. Aproximou-se de Martin Luther King. Neste ano, tornou-se o primeiro artista afro-americano a figurar na capa da revista Time. Foi também neste ano que publicou o ensaio-manifesto Da próxima vez, o fogo, que permanece como um dos seus livros mais influentes.

Últimos anos: O homicídio de Luther King, em 1968, levou-o a desistir da escrita do guião do filme sobre Malcolm X, assassinado três anos antes. Com uma longa lista de livros publicados e um papel firmado na luta contra a discriminação, nas décadas de 70 e 80, Baldwin foi professor ou orador convidado nas universidades de Cambridge, Berkeley e Amherst, entre outras. Em 1986, foi nomeado Cavaleiro da Legião de Honra Francesa. Morreu um ano depois, vítima de cancro, aos 63 anos. A mãe sobreviveu-lhe.


«Aqueles que afirmam a impossibilidade de se fazer alguma coisa são geralmente interrompidos por aqueles que fazem essa mesma coisa.» James Baldwin